F.:
Eu poderia ficar horas inteiras a contemplá-la... a olhar para o seu cabelo e para a graciosa curva que descrevia ao cair-lhe pelas costas. Era como um véu ou uma nuvem, como um emaranhado de fios de seda. Ela tinha uma maneira de, com um gesto de cabeça, o lançar para trás, quando, por vezes, lhe caía para a testa, o que me encantava – era um movimento tão natural e delicioso! Por vezes, tinha vontade de pedir-lhe que fizesse esse movimento com a cabeça, só pra eu o apreciar de novo. Mas, claro, teria sido um pedido ridículo. Tudo o que ela fazia era delicado e gentil. Até mesmo virar a página de um livro. Levantar-se ou sentar-se, beber ou fumar, tudo isso era uma delícia. Devo dizer que, mesmo quando fazia coisas consideradas feias, como bocejar e espreguiçar-se, as fazia com uma beleza que eu não saberia como descrever. A verdade é que ela não podia fazer coisa alguma que fosse feia. Era demasiado bela para isso.
(...) às vezes era muito agradável e incisiva. Troçava de mim, imitava meus gestos e minha fala. Irritava-me muito e fazia-me perguntas às quais eu não podia responder. Mas outras vezes, de súbito e sem menor razão, era imensamente simpática (...) e, então, eu suportava tudo que ela dizia ou fazia.
Quase dois metros de altura. Bem mais alto do que eu, claro. Muito magro, parecendo ainda mais alto do que é. Gânglios. Tem as mãos demasiado grandes. Tem a pele branca e rósea. As mãos quase não são mãos de homem. Adenóides. Tem uma voz estranha, sem educação, mas tentando ser educada. Uma voz que lhe está sempre falhando. Tem o rosto muito longo. Cabelo preto, sem vida. Encrespado, duro, sempre muito bem penteado. Veste sempre um paletó esportivo, calças de flanela e gravata alfinetada. Nunca se esquece dos botões de punho.
É aquilo que se chama de um rapaz agradável.
Absolutamente sem sexo (parece).
Costuma deixar cair as mãos ao longo do corpo, ou pô-las atrás das costas, como se não soubesse o que fazer com elas. Aguarda respeitosamente que eu lhe dê as minhas ordens.
Tem olhos de peixe. Observam. Nada mais. Não têm expressão.
(...) Por vezes, chego a julgar que ele é inteligente: tenta granjear a minha simpatia, fingindo que está nas mãos de uma terceira coisa.
(...) Envolve-me com os seus tentáculos de pessoa ressentida e humilhada.
(...) Sei bem o que sou pra ele: uma borboleta que nunca conseguiu capturar.
Um rapaz, caçador de borboletas, apagado funcionário público, solitário, de repente, torna-se o dono de uma fortuna. Ele passa a ter uma grande ambição: seqüestrar e manter junto de si a jovem por quem se encontra obsessivamente apaixonado. E, para isso, depois de um plano mirabolante, ele a aprisiona em um casarão que adquiriu para esse fim. O seqüestro tem o principal objetivo, demonstrar seu amor por ela e ser correspondido. O rapaz tenta, de todas as maneiras, fazer com que haja um elo afetivo entre os dois, para que ela consiga entende-lo e compreender tudo o que ele sente. É a tentativa de um jovem, que não demonstra grandes expectativas para o futuro, ter ao seu lado a mulher, objeto de sua contemplação, com quem tanto sonha.
Sabe quando vc pensa “se eu pudesse, guardaria fulano (a) num potinho”? Como se aquele alguém, ou até mesmo alguma coisa, te pudesse fazer feliz de alguma maneira. É meio infantil e egoísta, mas é um pensamento que muitas vezes nos aparece.
Se pudesse entrar na história, eu defenderia o colecionador.
6 comentários:
dá vontade mesmo... adoraria guardar alguém pra mim.
mto bom seu post kerida! \o/
jah apssei aki algumas vezes,linkei vc lah no eu blog :P
poxa...kerer guardar alguem pra si eh realmente uma obsessão egoista,se tomar medidas descabidas...
e o seu "conto" da bibioloteca tava lindo ^^
beijo,se cuida
Jaque, Jaque...só vc mesmo para escrever tanto! Beijos, tow de volta! Beijos! Aline San!
eu acho a obsessão um elemento sexy sim. Sei lá algo meio primitivo em ter q possuir alguém, ainda naum me senti assim por ninguém e acho q tb ainda naum despertei tal vontade, mas aguardo ansiosamente.
Esse texto deve ser lido com Every Breath you take do The Police! =*
Beijos e feliz páscoa!
Ahnnn...
Meus Deus...
Talvez seja o melhor texto que li esse ano...
Sem mais comentários para não ficar babando...
ahhhh... Parabéns
ai Jaque...(eu sempre começo tudo com "ai Jaque")
Como você consegue filosofar tanto mél pai...to falando não só desse texto (nem sei se foi vc que escreveu), mas dos outros todos que eu li. Eu tenho pensamentos loucos assim, mas...nunca consigo escrever.
Não sei não viu...eu entendo perfeitamente esse carinha obsecado, mas ainda não entendo a mulher.
né?
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